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Idas ao Médico - 1

14-03-2021

Quando tinha 5 anos de idade...
Há um belo dia de brincadeiras em que a minha mãe explicou-me que no dia seguinte iríamos ao posto de saúde fazer análises. Eu fiquei de imediato super feliz por finalmente descer até à vila, só pulava e cantava. Não fazendo ideia de que análises clínicas era igual a espetarem-me uma agulha pelo braço com tamanho suficiente para trespassar as minhas carnes ao ponto de correr o risco de ficar com o braço preso à mesa. 

Eis que chegamos ao posto de saúde, depois de uma caminhada de mais de 1:00hora. A minha mãe deu os meus documentos à entrada e aguardamos numa salinha bem pequenina mas acolhedora. Onde vimos uma enfermeira muito simpática que apesar de ter ar de velhota todos a chamam, ainda hoje, de "menina". Pouco tempo depois chamou em alto e bom som pelo meu lindo nome. Nunca o havia ouvido assim numa voz tão bem colocada, e completo, sem ter feito qualquer asneira. Soou muito bem.
Já no gabinete, a minha mãe sentou-se e sentou-.me ao seu colo quando a enfermeira perguntou, depois de me ter feito umas graças, como é que eu estava e a minha mãe disse - "ah eu ontem falei com ela e está muito contente por vir fazer análises". E era verdade eu estava mesmo feliz, o que elas não sabiam é que esse não era o verdadeiro motivo.
Então a enfermeira pediu para esticar o braço e depois já só me lembro de dar grito velho. Sim, sim, envergonhei a minha mãe que ainda prometeu um gelado e deu-me água, na verdade, fez de tudo um pouco, levou-me à rua a ver os pássaros eu corri e brinquei lá no recinto do espaço onde estava o posto. Voltamos para dentro e nada. Não foi dessa que me espetaram contra a mesa. Já não me lembro como é que a história acabou... Tal foi o trauma da descida à vila.
Ainda assim continuou e continua a ser a vila mais bonita do mundo e arredores. Duvido que os marcianos desfrutem de uma vista tão admirável, um cheiro de maresia tão leve e doce e da alegria que perpetua no ar como o da minha Vila. Já para não falar das pessoas que são sublimemente acolhedoras e bem dispostas por natureza. Ainda que hajam rabugentos, assim como eu, garanto-vos de que somos a minoria. 

Voar sem AsAs, escrito a 14 de Março 2021, em Lisboa

"Só seremos universais se conhecermos e amarmos a nossa aldeia." Liev Tolstói

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