Poetizando - Fecha o Cofre
Fecha o Cofre
Sabes quem és?
Pensas que és,
Imaginas que sabes.
E entre a vírgula e o ponto
escreves o que descobres que és.
De rompante na leveza da vida
que corre desenfreada
Com o sangue quente da adolescência
Entre a ingenuidade pura da criança que acaba de nascer
E a sobriedade do jovem que percebe que já é adulto.
E não quer.
Não quer acreditar que do recém-nascido ao idoso há apenas a distância de mil desilusões.
E tudo o que fizeste foi
deambular pela dureza do amor que deixa saudade
viajar pelo doce sorriso que ofereceste e te retribuíram.
Hoje perguntas, perante a tristeza da decisão do outro
o que fizeste de errado. E ris-te porque o único que te vem à cabeça é o que não fizeste.
Porque o que fizeste foi tanto e tão bom. Que não fazia prever o sangramento de uma lança subtilmente espetada no peito.
As lagrimas caiem e tu tens de calar. Porque ninguém quer ouvir a culpa que é tua.
Quem te manda sair de casa sem antes fechar o cofre?
Quem te disse que o podias abrir a qualquer um?
Como é que ainda não aprendeste o "B A BA" da vida?
Só fazes os outros à tua imagem e medida porque escolhes fazê-lo.
Só te desiludes porque andas por aí com o cofre aberto.
Fecha!
Fecha!
Fecha!
E volta a abri-lo só para ti.
E se decidires abri-lo de novo para os demais lembra-te de colocar um filtrar.
Voar sem AsAs, escrito a 18 de Abril 2021, em Lisboa